Cânion Fortaleza: trekking, liberdade
e aventura em Cambará do Sul
Cambará do Sul, município gaúcho com pouco mais de 6 mil
habitantes, abriga os mais imponentes cânions do sul do Brasil, presenteando
com uma beleza estonteante os visitantes de todas as partes do país e do mundo
que os visitam anualmente. Desde bem pequeno, tinha o desejo de conhecer essas
obras de arte da mãe natureza, que tanto atraía turistas para o estado mais ao
sul do Brasil, e foi após assistir a uma excelente reportagem no Jornal do
Almoço (RBS TV) sobre as belezas do Parque Nacional da Serra Geral, que decidi que
era chegada minha vez.
No último domingo de junho de 2016, passados dois dias do
aniversário da minha namorada Carine, resolvi que iríamos comemorar, fazendo
pela primeira vez um Trekking no respectivo parque. Pesquisei muito durante a
semana algumas dicas de como chegar ao parque, qual o melhor horário e também
sobre as trilhas que faríamos, já que pretendia fazer tudo sem guia. Optei em
focar o dia no Cânion Fortaleza e em duas trilhas que eram próximas ao mesmo, a
da Cachoeira do Tigre Preto e a trilha da Pedra do Segredo, muito indicadas em
fóruns de mochileiros. Chegado o
respectivo dia, saímos pontualmente as 5:30h da manhã de Igrejinha, ansiosos
pelo dia que nos esperava e muito abastecidos de água, comidas leves e muitos
casacos de inverno!
Ao chegarmos ao pequeno centro de Cambará, parecia que éramos
os únicos seres humanos a estar de pé ás 7h da manhã naquele domingo de
inverno. Galos cantavam ao fundo, o sol nascia no horizonte e nós, por uns 15
minutos, ficamos inertes com o carro estacionado em frente a um campo de
futebol, na rua de entrada da cidade apreciando uma deliciosa caneca de chá de
camomila quente. De volta à estrada,
dirigi por alguns quilômetros por uma estrada asfaltada repleta de placas
alertando para que se tivesse cuidado com animais nativos e desviando de alguns
buracos e imperfeições na pista, que antecipavam o calvário que estava por vir.
Ao final do asfalto, chegamos à pior parte do trajeto: pouco mais de 3km de
estrada de pedra. (sim, pedra, pois chamar de estrada de chão batido é um
grande eufemismo para o acesso de ligação ao parque). Após quilômetros
percorridos na velocidade máxima de 10km/h, que faziam-me ter pena da minha pobre
Fiat Strada, chegamos a porteira de acesso, onde encontramos um pequeno
banheiro e uma casinha simples, lugar em que provavelmente o responsável pela
manutenção do parque ficava. Paramos ali por alguns minutos para usar o
banheiro e logo continuamos na estradinha por mais alguns minutos.
Chegamos ao estacionamento as 8:15h e tínhamos aquela
imensidão só pra nós. Senti uma sensação estranha de liberdade que não
recordava ter sentido em outra ocasião.
Somente nosso carro, nossas canecas de chá fumegante e um
imenso silêncio...
Postas nossas mochilas nas costas com quitutes, água em
quantidade abundante, isotônicos, toalhas, mais comida, mais uma térmica de
chá, muitos casacos e até pares de meias extras, e nos colocamos em marcha rumo
a bordado cânion. (lembrando que o excesso de bagagem foi em função de estar
fazendo meu primeiro trekking, em um lugar que nunca havia estado e sem guia,
logo, tentei usar dicas até de gente que subiu o Everest pra estar preparado
pra tudo...)
Ps:. Isso que esqueci meu spray anti-urso em casa, se não,
era mais peso na mochila...haha
Poucos metros após o estacionamento e chegamos à borda do cânion.
Confesso que foi um misto de medo, adrenalina e fascinação ao ver aquelas
imensas crateras de mais de 2km se abrindo em direção ao horizonte e com visibilidade
total, já que não havia nenhuma neblina no dia. O cenário que já inspirou
novelas e documentários realmente é incrível! Tiradas algumas fotos, em que eu
não conseguia chegar nem a 5 metros da borda pelo medo de altura, começamos a
caminhada indo no sentido oposto ao mirante do cânion. Andamos mais de dois
quilômetros, e logo começamos a avistar diversos ônibus e carros de turistas
que começavam a chegar para a visitação dominical.
Era próximo das 11h quando começamos a subida da trilha do
mirante, que do estacionamento ao cume, leva cerca de 35min, de uma subida
razoavelmente tranqüila. No topo do mirante, conseguimos ter uma visão de quase
100% do cânion, tornando a experiência ainda mais fantástica. Ao longe,
avista-se o mar, algumas lagoas e também a cidade litorânea de Torres-RS.
Cânion Fortaleza
De volta ao estacionamento, nos dirigimos ao ponto de
entrada para a trilha que levava a Cachoeira do Tigre Preto e a Pedra do
Segredo. O início dessa trilha fica a mais ou menos no meio do caminho, entre o
estacionamento do parque e a porteira de entrada, onde há um recuo para que
possam ser estacionados carros e uma pequena placa indicativa.
Iniciada a trilha, anda-se em torno de 10 minutos até se
chegar ao riacho que forma as quedas d água da cachoeira. Atravessamos o riacho
sem nos molhar para a outra margem, próxima a borda da cachoeira, devido a
pouca vazão de água no dia. Logo ao chegar à outra margem, já conseguimos ver a
cachoeira com duas enormes quedas e tirar algumas fotos bem próximos a elas. Andando
mais um pouco, chegamos a um mirante, onde conseguimos ver de forma
privilegiada as quedas, que lembram às garras de um felino formando a cachoeira.
Cachoeira do Tigre Preto
Turistas passando sobre a Cachoeira do Tigre Preto
Não longe dali, chegamos ao mirante da Pedra do Segredo, uma
enorme pedra que pesa toneladas e misteriosamente está equilibrada em cima de
outra rocha em apenas 50cm de base de apoio entre elas. (confesso que não achei
grande coisa...haha). Nesse ponto,
encontramos um bom lugar onde pudemos apreciar a vista de parte do cânion, e
preparamos nosso almoço, pois já eram 13:45h da tarde. Dois Cup Noodles de
legumes e algumas bananas. (valeu a pena ter levado uma térmica de água fervendo
também...haha).
Pedra do Segredo
Pelas 15h, retornamos ao estacionamento e iniciamos o
caminho de volta. Paramos uma última vez em frente à Igreja que fica no centro,
e sentamos um pouco na praça deserta da cidade, que parecia funcionar em um
ritmo diferente das que estamos acostumados na região metropolitana. Um ritmo
sem pressa, contemplativo e interiorano, de uma forma que me fez ter muita
inveja dos 6 mil habitantes que vivem diariamente ali...
Passagem acima da Cachoeira do Tigre Preto
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