quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Trekking no Morro Agudo - Gramado/RS

O Morro Agudo, em Gramado/RS, com seus mais de 850 metros de altura é uma das figuras naturais mais icônicas da cidade mais famosa da serra gaucha. O que sempre me atraiu nessa montanha foi o pouco conhecimento que se tem sobre ela e o pouco número de turistas que lhe visitam. Isso se dá, talvez pelo difícil acesso ao seu cume, que é alcançado somente por trilhas em mata fechada e ingrime pelo lado oeste ou por escalada pelo lado leste.


























(Crédito da foto: http://amigosdotrekking.blogspot.com.br)

Planejamos durante uma semana o trekking, e nesse tempo, tentei encontrar dicas através da internet, blogs e também pedindo ajuda para alguns amigos que já fizeram essa travessia, mas não obtive resultados satisfatórios. Decidi, mesmo com muitas dúvidas, me preparar bem e tentar mesmo assim.
Pra jornada, contei com a companhia da minha namorada e fiel escudeira, Carine Arnold, e também com a companhia do meu irmão Jonatas Silva e cunhada Scheila Engelmann. Minha namorada levou sua mochila recém comprada para testar na subida, uma Forclaz Air 40L, da marca Quechua, e eu levei a minha grande companheira de viagens e trilhas, mochila Nautika Intruder 45L. De mantimentos e equipamentos, levei: uma corda de 20m, 2 cordões de 5m cada, uma lanterna, uma faca de camping, um canivete, sacos de lixo, um colchonete dobrável, uma esteira dobrável (que depois serviu de proteção contra o sol no pico da morro), algumas frutas, um pacote de seven boys(pães), um pote de Nutella (coisa da minha namorada...haha), 2 pacotes de Passatempo, uma bacia com sanduiches, uma térmica de café e 2L de água. 

Mochila Nautika Intruder 45L

 Chegado o domingo 29/01/2017, dia combinado para a trip, partimos ás 7:30h da manhã de Igrejinha/RS, (cidade onde moro) em direção a Gramado/RS pela RS 115. Desviamos o pedágio na rótula que fica em frente a praça, em Três Coroas, pegando a esquerda e seguindo por uns 200m, e depois seguindo a direita por uns 3km até a rodovia novamente. Ao passar o pórtico de entrada em Gramado, a uns 100m, entramos a esquerda, no bairro Várzea Grande, e ali seguimos as placas indicativas. Ao seguir na direção que indicava o Morro Agudo, pelas placas, chegamos em uma bifurcação, onde poderíamos seguir a direita ou a esquerda, então, decidi seguir a direita, e pegamos o caminho errado...haha. Fomos perceber o erro, depois de andados aproximadamente 10Km, que eram somente de descida da serra em direção a Três Coroas, o que não fazia o menor sentido. (faz parte, né?  haha)
De volta ao caminho certo, pedimos umas três ou quatro vezes informações sobre o caminho a seguir para chegar ao pico, e muitos não sabiam bem como nos dar essas explicações, pois mesmo morando naquela localidade que fica próxima a nosso destino, nunca haviam ido até lá.
Por volta das 9:30h, chegamos a estrada que dava acesso ao morro, que para bem se localizar, fica  próxima a uma igrejinha muito simpática. Foi ali perto que conseguimos informações sobre como chegar ao pé do morro. Já na estrada que era próxima a subida, estacionamos nossos carros ao lado de  uma casa que tinha um galpão grande na frente e que o morador estava fazendo alguns serviços por ali. Conversamos um pouco com ele, e pegamos a informação que o início da trilha era ao lado de um galpão bem antigo no final daquela rua, (informação essa, que não era correta...), assim, tomamos nosso café da manhã junto aos carros, e logo depois partimos em caminhada, sem saber o que nos esperava, e sobretudo, qual distância nos esperava...hehe
Da esq. para a dir. minha namorada  Carine, meu irmão Jonatas, Eu (Marlon) e minha cunhada Scheila

Caminhamos 1km e meio mais ou menos até chegarmos ao galpão antigo, citado pelo homenzinho que nos deu a informação, dali, partimos em uma trilha bem definida, onde deveriam passar máquinas agrícolas ou Jipes, por alguns quilômetros, em que nos divertimos e conversamos bastante, realmente aproveitando o momento. Logo chegamos a uma clareira de onde dava pra se ver muito bem o Morro Agudo, e ali, tivemos uma certeza: novamente estávamos no caminho errado!  haha. a parte do morro que dava para ver era a do paredão de pedras, que somente podia ser acessada por escalada, enquanto nós buscávamos uma trilha que nos levasse até o pico...
voltamos meio cabisbaixos até o ponto onde passamos pelo galpão antigo novamente, e avistamos uma casa próxima, onde fomos outra vez atrás de informações. Com novas pistas, descobrimos que a trilha para o topo do morro, começava ao lado de uma casa grande e branca, que se localizava bem próximo de onde mais cedo, deixamos os carros...
Chegando a casa, não havia sinal de trilha algum! Somente muita lenha empilhada e um pouco de mata queimada, provavelmente estavam preparando a terra para futuras plantações. Ao olhar em direção ao Agudo, só se via mato fechado, o que a essa altura era desanimador. Tão desanimador, que já 11:30h da manhã, meu irmão e cunhada decidiram abandonar a missão, pois haviam deixado sua filha pequena com uma parente e não acharam que voltariam tão tarde...Logo, restaram somente "Bonnie e Clayde" para completar a aventura. haha
momento em que nossos parceiros "pularam da barca" haha

Como desistir não era uma opção, ainda era cedo e minha namorada estava com muita disposição, entramos mata adentro só nós dois em busca do pico da montanha, feito os primeiros colonizadores italianos que desbravaram e conquistaram a região serrana uma centena de anos atrás. 50m andados, e achamos a primeira clareira, onde pudemos traçar uma estratégia, já que não víamos trilha, iriamos subir buscando sempre andar em linha reta para não nos desviarmos do local onde entramos na mata e ser mais fácil de retornar.
Local onde entramos na mata. Seguindo daqui em linha reta, se chega ao pico do Agudo

A subida, acredito que pelo ritmo que estávamos impondo, foi bastante extenuante. Andados 30 min. em uma mata bastante fechada, encontramos traços da trilha que deveria ser a original, mas que pelas condições climáticas e pela pouca utilização, estava encoberta por mato. 
Esse trajeto deve ser percorrido com bastante cuidado, pois o terreno é bastante ingrime e escorregadio. Uma queda em determinados lugares pode ocasionar um ferimento considerável, ainda mais com uma mochila nas costas. É preciso muita atenção também se forem fazer esta trilha no calor, pois a região é conhecida por abrigar muitas cobras.

Com mais ou menos 50min de caminhada, chegamos ao último obstáculo da subida: uma parede de pedras de mais ou menos 3 metros de altura, que devido as chuvas frequentes nessa época do ano, havia deslizado a terra que lhe dava cobertura, tornando bem difícil a subida. Nesse ponto aproveitei a corda que havia levado, subi com cuidado e amarrei em uma raiz alta, facilitando e tornando mais segura nossa subida com as mochilas pesadas.

Chegando ao topo, a primeira coisa que avistei foi uma cruz, que parecia estar a muito tempo ali. O topo estava repleto de mato fechado, mas uma saída que dava acesso as bordas do paredão de pedras, me deu uma visão de tirar o fôlego! Toda vez que chego ao topo de um lugar alto, me sinto tão alto quanto aquele lugar. Embora tenha muito medo de altura, tenho fascinação por lugares altos, sobretudo, montanhas. Ficar alguns minutos ali sentado, olhando pro vale verde que se perdia no horizonte, fez cada passo da caminhada valer a pena. VALER MUITO A PENA!

Aproveitamos a brisa refrescante que soprava para montar um "mini acampamento" e almoçarmos. Fiz uma proteção contra o sol, e nos sentamos para ouvir "as vozes do silêncio", que tanto nos fazem falta num dia a dia corrido entre trânsito, trabalho, faculdade, etc...

Essa foi mais uma travessia que me esgotou fisicamente e renovou mentalmente. Sempre que tenho a oportunidade de ter esse contato com a natureza, me pergunto se realmente preciso de tanta coisa quanto acho que preciso ter.

 Que mais momentos e dias assim venham pela frente!

Marlon Tegner

Mais fotos do trekking:















5 comentários:

  1. boas dicas, deve ser no vale do quilombo atrás da várzea pelas tuas dicas, to indo a gramado e vou tentar achar essa trilha, valeu.

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    1. Opa! Que bom que curtiu a postagem! Se localiza, passando a Várzea Grande, em Gramado, e seguindo em direção a Serra Grande, sentido Três Coroas/Igrejinha.

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  2. Fico feliz em saber que foste aí. Pode parecer brincadeira mas grande parte deste morro é da minha família. A história por trás desta cruz é grande mas, resumidamente, quando meu avô esteve hospitalizado por causa de problemas renais, meu tios fizeram uma promessa de que se ele sobrevivesse à cirurgia colocariam uma cruz no topo do morro. Ela segue lá firme e forte. Eu queria tirar um tempo nas férias para fazer a trilha. Foi buscando a localização geográfica do morro que encontrei seu blog.
    Sucesso nas jornadas!

    Grande abraço.

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  3. Caramba! Que alegria em ler isso! Sempre me perguntei sobre a origem ou propósito daquela cruz, que combina tão bem com a linda paisagem. Graças a Deus deu tudo certo com seu avô. Tira um tempo e vai mesmo, vale cada passo dessa caminhada incrível!!! Grande abraço, e desculpa invadir suas terras. Hahah

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    1. Não há problema algum. Sua passagem por lá, levou a beleza do lugar para os olhos de muitos.

      Grande abraço!

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